RECEITA DE GOIABA EM CALDA

Se tem um doce que eu amo é de goiaba e pode ser goiabada de cortar pra servir em fatias, goiabada cremosa pra comer de colher ou em calda orelhinha, que é a receita de hoje. Uma compota deliciosa, daquela que sempre faz parte das mesas de doces brasileiros.

Cresci comendo doce de goiaba desses 3 jeitos com fatias gulosas de queijo, com sorvete, com bolo e também usando como ingrediente de doces, bolos e biscoitos.

Eu me divirto colhendo goiabas (ou comprando algumas bem lindas no mercado), cortando ao meio pra descartar sementes (e descascando quando necessário) e passando até algumas horas cuidando da panela no fogo e ainda esperando um tempo até ficar bom pra servir. Tanto é que vira e mexe faço uma receita de goiabada.

Encaro esse “fazer goiabada” de corte ou cremosa como um projeto gostoso, mas sei que ele pede tempo, muita paciência (tem que ficar mexendo e não descuidar da panela e ainda esperar o doce descansar pra ficar no ponto certo de servir) e tem que ter muito cuidado (doce espirra e pode causar queimaduras).

Só que, apesar de muita gente ter vontade de fazer doce de goiaba em casa, o processo não muito rápido e trabalhoso acaba fazendo essa vontade passar.

E ainda tem a questão da quantidade: não compensa fazer goiabada com menos de 2 kg de goiaba (rende pouco e dá trabalho do mesmo jeito).

Quando penso em fazer goiabada de cortar ou cremosa, encaro tudo como um projeto gostoso, sabendo que vou passar horas e horas na função e levar mais um tempo pra dar a primeira mordida. Por isso, acabo fazendo quantidades maiores, o trabalho não muda muito.

Mas nem sempre a vida acontece assim. A gente tem vontade de comer doce de goiaba, mas com ela vêm preguiça, falta de tempo, dificuldade de achar goiabas no ponto certo de usar e a solução acaba sendo deixar as goiabadas pra um momento mais tranquilo e fazer um doce em calda.

Daí vem a goiaba em calda, que também é conhecida por orelhinha ou orelha, e resolve tudo isso: o preparo é muito simples, quase não dá trabalho, o doce fica pronta em pouco tempo e pode ser feita em panelas pequenas com até com 2 ou 3 goiabas.

A minha avó Betty fazia goiaba em calda direto. Quando as goiabeiras da fazenda ficavam carregadas de frutas maduras, ela colhia um bom tanto e preparava vidros e mais vidros do doce, mas também fazia a receita com as goiabas maduras da fruteira, mesmo com as não muito incríveis do mercado e com poucas delas.

O fato é que, em no máximo 2 horas, ela já conseguia servir um doce gostoso com pedaços lindos e macios de goiaba no meio de uma calda saborosa e com aquele aroma irresistível dessa fruta tão maravilhosa. Quando podia, ela fazia o doce com antecedência e servia em temperatura ambiente ou gelado.

Eu amava quando chegava a hora da sobremesa e ela aparecia com a compoteira cheia de pedaços carnudos de goiaba e um prato com queijo branco fresco ou meia cura (mas às vezes também vinha requeijão ou sorvete de creme).

Gosto tanto do doce que sempre faço em casa e acaba tão rápido que logo faço mais um tanto.

INGREDIENTES

A receita leva só 3 ingredientes: goiaba, água e açúcar.

A goiaba é o que importa no doce e é preciso caprichar. Ela precisa estar madura no ponto de descascar sem se desmanchar (a faca e o descascador funcionam, quando ela passa do ponto eles grudam, não deslizam).

Goiaba de casca verde e dura (costuma ainda ser muito brilhante e enrugada) e polpa rosa muito apagado dá doce sem graça, não tem milagre.

Goiaba madura demais, daquela já bem mole e difícil até de descascar, não funciona pro doce de hoje. Não só fica difícil cortar as metades certinhas, como a polpa amolece demais no fogo, acaba se desmanchando e virando uma pasta. Dá pra usar como calda de goiaba, mas não como goiaba em calda.

No doce, ficam de fora a casca fina esverdeada ou amarelada da goiaba e o miolo cheio de sementes, a gente usa só as metades de polpa bem carnudas.

Pra não desperdiçar goiaba, eu costumo bater as cascas e o miolo com água no liquidificador, passo pela peneira e sirvo como suco.

Mas é bom falar que tem gente que só descarta o miolo e as sementes e não descasca as goiabas, mas eu não gosto do doce assim.

Sem descascar, a parte da polpa dá uma encolhida, a casca não se solta de vez, mas dá uma descolada, ela amolece, mas não se desmancha ou amacia, fica com um tom opaco e o vermelho lindo fica só do lado de dentro.

Outra coisa é o tipo da goiaba. Por aí, a gente quase que só encontra doce feito com goiaba vermelha que, pela cor muito maravilhosa, fica muito lindo, não dá pra negar.

Mas goiaba branca também funciona, fica deliciosa, só que é bege.

Não entendo bem o motivo, mas a quantidade de goiabeiras carregadas de goiabas brancas lindas que a gente encontra pelas estradas e por tudo o quanto é canto é gigante, as pessoas pegam as vermelhas e deixam as brancas.

No tempo das goiabas, eu e o Carlos sempre pegamos um monte de cestas e saímos pelas estradas colhendo quilos e mais quilos das brancas (teve um dia no ano passado que a gente colheu uns 50 kg numas 2 horas e só de goiabeiras beirando as estradas perto de casa). Ninguém se importa com elas, impressionante.

Pra aproveitar essa fartura das brancas, sempre um monte de goiabada pastosa, goiaba em calda, sorvete e ainda uso pra fazer salada.

Sobre o açúcar: pra fazer quantidades nada exageradas de doce, e com a receita de hoje é assim, acabo usando o refinado porque é ingrediente básico, funciona muito bem e o preço é justo.

Mesmo eu, que vivo fazendo doces, acabo me lembrando de ir atrás daqueles pacotes de 5kg de cristal só quando tenho muita fruta (principalmente no tempo das abóboras). Os pacotes de 1 kg de cristal são sempre mais caros, não é todo mercado que tem os grandes e guardar um monte de açúcar ainda é um problema.

PREPARO

O preparo do doce é simples e rápido. Entre descascar as goiabas, cozinhar e deixar amornar um pouco, a gente leve no máximo 2 horas, isso fazendo tudo com muita calma.

Com 2 horas, a gente serve o doce ainda morninho ou em temperatura ambiente (depende da quantidade de doce e do tempo). Pra servir gelado, é preciso pensar numas 3 horas de geladeira.

O primeiro passo é cuidar das goiabas.

Com uma faca pequena, ou com um descascador de legumes, descasco pra descartar toda a casca amarelada. Em seguida, corto cada goiaba ao meio e raspo muito bem com uma colher pra descartar o miolo e as sementinhas.

Importante pensar que não só as sementinhas ficam duras e nada interessantes de gosto e de textura, como podem causar acidentes (quebrar um dente com elas é bem mais comum do que se imagina, como acontece com caroço de azeitona).

Em seguida, coloco a água e o açúcar numa panela média, levo pro fogo e mexo só até dissolver totalmente o açúcar (se continuar mexendo, a calda vai açucarar e não vai dar certo).

Também pra evitar que a calda açucare, tenho duas dicas: limpar a parte interna da panela com um pincel molhado com água limpa, retirando possíveis cristais de açúcar, ou tampar a panela por 1 minuto assim que a calda ferver (com o vapor, os cristais se dissolvem totalmente).

Deixo a calda ferver por uns 5 minutos (ela vai continuar rala) e junto a goiaba.

Cozinho em fogo baixo por uns 30 minutos, até os pedaços ficarem macios, com uma cor linda e bem brilhantes. A calda não chega a engrossar muito.

Retiro do fogo, deixo amornar por pelo menos 30 minutos e passo pra uma compoteira.

Num pote bem limpo, o doce fica bem na geladeira por uns 15 dias. Pra durar mais tempo, é preciso esterilizar os vidros e fazer o processo completo de conserva, mas o doce de hoje é pra comer rápido e pronto.

E sobrou calda? Dá pra usar num drinque ou pincelar num bolo ou regar panquecas, nada se perde.

Uma sobremesa gostosa, rápida, boa pra fazer de última hora e que ainda é vegana, não contém glúten e nem lactose.

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