O QUE FAZER COM JABUTICABA
Se tem uma coisa que a gente tem que fazer é aproveitar o tempo de jabuticaba pra comer essa frutinha brasileira e deliciosa in natura e fazer muita receita com ela.
Pro tempo de jabuticaba aqui a gente tem aqui Na Cozinha da Helô várias receitas e tem bastante coisa porque muita gente vem me pergunta o que fazer com jabuticaba. Algumas receitas que fazem muito sucesso:
- como fazer licor de jabuticaba caseiro, ou um fermentado de jabuticaba, que fica delicioso e é muito simples de preparar,
- o bolo delicioso e lindo de jabuticaba, que tem gosto dessa frutinha tão azedinha e doce e é lindo,
- a calda de jabuticaba caseira que vai bem com o bolo e com os sorvetes feitos com ela e com o sorvete de baunilha de verdade,
- e com o sorvete muito lindo de jabuticaba e o sorvete de jabuticaba muito fácil, os dois muito fáceis de preparar, quase que só de misturar, são deliciosos e diferente um do outro, eu adoro os dois;
- pudim de jabuticaba delicioso, super refrescante e tudo a ver com os dias quentes;
- molho lindo de jabuticaba pra carnes e saladas.
De setembro a novembro tem jabuticaba de monte e quem tem sorte de ter jabuticabeiras por perto pode colher e que não tem também pode comprar com bons preços e qualidade.
PODE CONGELAR JABUTICABA?
Mas dá pra congelar jabuticaba? Siiiimmmmmm! É bom saber que a fruta inteira in natura não congela bem, mas dá pra congelar o suco grosso por um bom tempo e dá pra fazer muita coisa com essa polpa.
Como a casca escura, que lembra a de uma uva muito preta, só que mais grossa, é riquíssima em taninos, a cor de tudo que a gente faz com ela fica com uma cor roxa deslumbrante e dá tem um adstringente que deixa as receitas bem emocionantes.
O melhor jeito pra extrair esse suco grosso e que serve pra fazer muita coisa:
- colocar as bolinhas numa panela vazia, sem água, e esmagar com as mãos pra estourar a maior parte delas, mas não precisa esmagar todas;
- aquecer por uns 5 minutos, até juntar um líquido rosado;
- desligar o fogo e deixar amornar por 10 minjutos;
- colocar a jabuticaba com o líquido no liquidificador;
- bater por uns 2 minutos no máximo, só até conseguir uma pasta cremosa bem homogênea, mas ainda com vários pedacinhos de casca;
- passar por uma peneira sem espremer e esmagar as cascas pra evitar que o suco fique muito adstringente e pegue na boca.
Eu separo porções de 1 xícara (240ml) de suco e congelo em potes com tampa ou saquinhos por até 3 meses. Quando quero preparar qualquer receita, eu descongelo naturalmente e uso. Prático, fácil e dá pra aproveitar a estação das jabuticabas.
Eu lia e corria pra jabuticabeira do quintal torcendo pra ter jabuticaba madura e mesmo que ainda não tivesse, eu subia na árvore com o meu livro e passava horas lá em cima lendo ou só pensando na vida.
Por falar em subir, acho que poucas árvores são tão perfeitas pra isso como a jabuticabeira, o tronco vai se dividindo e subdividindo de um jeito tão incrível e lógico que apoiar os pés com segurança é fácil demais. Num minuto a gente já está lá no alto, mas continua subindo atrás daquela grande irresistível.
O fato é que a gente fica naquela de só mais uma e não consegue parar de pegar, de chupar e de cuspir o caroço, que em excesso pode fazer mal e dar dor de barriga. É viciante mesmo.
AS JABUTICABEIRAS E AS JABUTICABAS
A jabuticabeira, ou Myrciaria cauliflora, é uma árvore linda, frondosa, muito brasileira, nativa da Mata Atlântica do sudeste. Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo têm aos montes, mas que se espalhou pelo Brasil inteiro e até por outros cantos da América do Sul.
É uma árvore de médio pra grande porte, dependendo da espécie, e que faz parte da família das mirtáceas, a mesma da goiaba, do araçá e da pitanga, a maioria com os troncos meio camuflado com camadas de cascas claras e escuras.
Só que a jabuticabeira, assim como a pitangueira e ao contrário da goiabeira e do araçazeiro, tem folhas miúdas, finas, brilhantes e de um verde forte e intenso que formam a copa frondosa.
Ela dá as frutas de jeito bem diferentes das outras árvores frutíferas, eu pelo menos nunca ouvi falar de outras frutas que crescem assim.
Primeiro vem uma florada que é linda de morrer, com as mni-flores brancas coladas ao tronco com um perfume doce e delicioso. As flores são tão perfumadas que dá pra ouvir o zum-zum das abelhas de hoje.
Depois de uns dias floridíssima, cai quase uma chuva de mini-pétalas e a árvore fica inteira de bolinhas verdes.
Depois de uns dias floridíssima, cai quase uma chuva de mini-pétalas e a árvore fica inteira de bolinhas verdes.
Dependendo da quantidade de chuva ou de molhar, pois jabuticabeira adora água, elas levam de 20 dias a 1 mês pra amadurecer.
Quanto à água, é bom saber que se a gente molha sempre a árvore durante o ano, ou deixa uma torneira pingando ou uma bacia furada cheia de água ao lado do pé, ela produz ainda mais tanto em quantidade como em vezes, não só 1 vez por ano.
Então chega o momento que todo mundo espera! Elas amadurecem de uma vez, ficam pretas, a casca dá uma afinada e cheias de polpa doce e azedinha.
Na verdade, é difícil encontrar quem resista a estas bolinhas pretas que explodem na boca. Quase todo mundo que experimenta se encanta, os periquitos e os sabiás adoram e até dos cachorros.
Em casa, o Cacau e o Caju ficam horas pegando as jabuticabas da parte mais baixa do tronco e os três, até o Café que é mais preguiçoso, catam todas as jabuticabas, cascas e miolos que ficam no chão, até as que a gente cospe.
Quem tem coragem, e idade, pra subir numa árvore tem que aproveitar a jabuticabeira. Ela é perfeitas pra isso, o tronco e os galhos são firmes e vão se dividindo e subdividindo de um jeito tão incrível e lógico que apoiar os pés com segurança é fácil demais.
Num minuto a gente já está lá no alto, mas continua subindo atrás daquela grande irresistível e demora um tanto de tempo pra descer.
O fato é que a gente fica naquela de só mais uma e não consegue parar de pegar, de chupar e de cuspir o caroço, que em excesso pode fazer mal e dar dor de barriga. É viciante mesmo.
Também é bom saber que jabuticaba não é sempre igual, tem muita variedade. As mais comuns são a “sabará”, nativa de Sabará, uma cidade mineira que fica pertinho de Belo Horizonte, que dá frutos pequenos, doces e abundantes, a “paulista”, que produz jabuticabas um pouco maoiores e também muito doces.
Não são tão comuns, mas no pomar de casa também tem a “ponhema” e a “olho de boi”, com bolinhas bem grandes, muito suculentas e doces, a “rajada” que é esverdeada com risquinhos marrons, a “branca”, que na realidade é verde, as duas gostosas e interessantes por não serem pretinhas.
Jabuticabeira é árvore que se planta pra colher em uma década e sempre pensando que ela cresce devagar, demora pra produzir e quem vai aproveitar pra valer é a geração dos filhos e às vezes até dos netos.
Mas quando ela começa a dar, não para mais e continua assim por anos, tanto que tem muita jabuticabeira centenárias. Na fazenda Pinhal, em São Carlos elas são assim e formam um pomar impressionante.
Cresci rodeada por jabuticabeiras, hoje tenho uma alameda de vários tipos e plantadas pelo meu marido na frente da casa da fazenda e uma maravilhosa no quintal de São Paulo.
BENEFÍCIOS NUTRICIONAIS DA JABUTICABA
E quais os benefícios da jabuticaba? Ela tem vitaminas B e C aos montes, além de cálcio e ferro, age como antioxidante e ainda mas também fazem bem no combate à asma e às dores de estômago.
Além de chupar, vale também separar umas 8 cascas, aquecer com, mais ou menos, 1 e ¼ de xícara de chá de água, ferver por uns 5 minutos, desligar o fogo, tampar a panela e deixar descansar por uns 5 minutos, coar e tomar pra combater asma e a dor de estômago.
Uma coisa que a gente faz pra conseguir que a jabuticaba produza muito e mais de uma vez por ano, é regar pra valer, até deixar uma torneira pingando ao lado do pé, ou encher uma bacia furada de água e deixar encostada do tronco.
MUITA GENTE FALOU DE JABUTICABA, E NÃO É PRA MENOS!
Antes dos portugueses chegarem por aqui, os indígenas já adoravam jabuticaba e tinham dado esse nome porque achavam que ela tinha forma de jabuti. E os portugueses amaram aquela fruta tão doce.
O padre jesuíta Fernão Cardim, que viajou pela costa brasileira no século XVI e escreveu sobre o que viu pelo Brasil, disse que era uma “fructa rara, e acha-se somente pelo sertão a dentro da capitania de São Vicente”.
E o Saint-Hilaire, que era um naturalista francês que também se apaixonou pelo Brasil, fala um monte sobre a jabuticaba no “Viagem à província de São Paulo”.
Ele disse “o terreno era vasto, e vi aléias de laranjeiras, muitos pessegueiros, pitangueiros (Eugenia michelli, Lam) pés de abacaxi e principalmente uma prodigiosa quantidade de jabuticabeiras (Myrtus cauliflora, Mart). Quando me achava em São Paulo os frutos dessa árvore estavam em plena maturidade e eram vendidos nas ruas da cidade. As jabuticabeiras levam certamente vantagem sobre todas as frutas indígenas do Brasil. São doces sem serem enjoativas, agradavelmente mucilaginosas e extremamente refrescantes.”
O Drummond, cheio de razão, disse que jabuticaba chupa-se no pé e é verdade, é um momento que é o máximo. Até dá pra colher e guardar por um ou no máximo dois dias na geladeira, ou comprar e chupar em casa quando a gente não tem jabuticabeira por perto, mas não tem a mesma graça.
Quando fiz sete anos, ganhei da minha mãe o livro “Reinações de Narizinho” do Monteiro Lobato e tenho até hoje a edição de 1968. Fiquei apaixonada pelo sítio do Pica-pau Amarelo, pela Narizinho, pelo Pedrinho, pela Dona Benta e pela Tia Anastácia, Emília, pelo Visconde de Sabugosa e pelo Rabicó.
Eu andava com o livro pra cima e pra baixo e lia e relia e até decorei umas partes e a melhor. A melhor era sobre as jabuticabas, dava pra imaginar que eu estava colhendo, chupando jabuticabas e até sentia o gosto.
A Narizinho subia na árvore e “escolhia as mais bonitas, punha-as entre os dentes e tloc! E depois do tloc, uma engulidinha do caldo e pluf! – caroço fora. E tloc, pluf – tloc, pluf, lá passava o dia inteiro na árvore”, então chegava o porquinho Rabicó, que abocanhava toda frutinha que encontrava pelo chão, e naturalmente surgia a música da jabuticabeira “tloque! pluf! nhoque! – tloque! pluf! nhoque!”.
Lia e corria pra jabuticabeira do quintal torcendo pra ter jabuticaba madura e mesmo que ainda não tivesse, eu subia na árvore com o meu livro e passava horas lá em cima lendo ou só pensando na vida.