Texto: Flávia G Pinho – Fotos: Caio Ferrari
Chega a ser covardia: no Brasil, os rebanhos de bovinos passam muito de 200 milhões de cabeças. Em compensação, os rebanhos de ovinos são 10% disso. Os de caprinos então, nem se fala – são ainda menores. Natural, portanto, que os queijos de leite de vaca tenham imperado em todas as regiões brasileiras e a gente conheça tão pouco dos queijos à base de outros leites. Um desperdício, porque eles são excelentes, famosos entre povos que amam comer queijo e, para sorte nossa, já existem muitos produtores artesanais se especializando neles aqui no Brasil.
Queijo de cabra, sim senhor!
Começo falando sobre os queijos de leite de cabra, tão injustiçados. Tem gente por aí dizendo que “queijo de cabra tem gosto de bode” – certamente alguém que só provou queijos de cabra bem ruins e malfeitos. Um bom queijo de cabra, à base de leite ordenhado de animais saudáveis e bem-cuidados, é uma delícia.
Há queijos de cabra muito famosos mundo afora. Já ouviu falar do feta? De origem grega, mistura leites de cabra e ovelha e tem massa coalhada de textura quebradiça. Por ser bem leve e fresco, fica uma maravilha em receitas de saladas. Na França, as estrelas são o camembert de cabra, que tem mofo branco na casca e massa bem molinha, e o chevrotin, de massa prensada e cor mais amarelinha, bom de fatiar.
Made in Brazil
Você não faz ideia da variedade de queijos de cabra brasileiros que já temos, alguns cheios de prêmios importantes no exterior. A queijeira Heloísa Collins, dona do Capril do Bosque, em Joanópolis (SP), além de criativa no último, é uma das mais premiadas.
Ela faz queijos de cabra com mofo azul (aquele mesmo do gorgonzola), já inventou queijo maturado com pimentas mexicanas e até com uma capinha de cacau 100%. No bistrô da propriedade, dá para pedir tábuas e provar um monte deles.
Outro craque é o Fabricio Vieira, do Capril do Lago, que fica em Valença (RJ). Imagina que um dos queijos dele, o Caprinus do Lago, foi o único brasileiro na lista Top 12 do Mondial du Fromage 2023, na França – e saiu de lá com medalha de ouro. É um queijo de massa prensada, bem firme, que passa por salmoura molhada, mesmo processo do parmesão. Depois de um ano de maturação, fica com sabor intenso, bom para comer em fatias. A má notícia é que, depois do prêmio, a fila de espera para comprar um pedaço é de quase um ano…
Muitos desses queijos de cabra, tanto os mais frescos e cremosos quanto os duros e mais curados, fazem bonito em uma tábua de petiscos. Também podem virar ingrediente culinário. Aqui mesmo, no portal da Helô, há várias receitas – de terrine a queijo quente, que podem ser preparadas com queijos de cabra: suflezinho cremoso de queijo meia cura e cheiro verde, queijo quente perfeito e terrine de abobrinha com tomate e queijo cremoso.