O ARRAIAL GOSTOSO
Eu sou de outubro, um mês lindo, mas confesso que sempre tive uma pontinha de inveja de quem nasce em junho e pode comemorar o aniversário com uma bela festa junina.
Sempre fui tão apaixonada por festa junina que fiquei muito feliz quando soube que a minha querida Ana chegaria em junho. Na hora, eu já pensei no quarto da maternidade com um fio de bandeirinhas e de uma peneira com pés-de-moleque e paçoquinhas e fiz isso mesmo. No lugar das lembrancinhas clássicas de recém-nascido, eu dava distribuí paçoquinha pras enfermeiras, família e amigos e todo mundo amou.
Já fiz nem sei quantas festas juninas na vida e juro que não me canso do assunto.
Pro Cozinhando para Amigos 2 (Entre Panelas e Tigelas, 2008), eu escrevi o “arraial chique”. No texto, falei da origem das festas juninas, que acontecem há milênios na época do solstício de verão europeu, quando se comemorava o início das colheitas, que pros romanos elas eram as junônias, que homenageavam a deusa Juno, esposa de Júpiter e representação do amor, casamento, fidelidade, fertilidade e maternidade.
Contei que os cristãos mantiveram as tradições pagãs e o clima da festa, com a fogueira e os fogos de artifício para afastar os maus espíritos, mais as danças e o casamento e incluíram também incluíram os santos. E os portugueses trouxeram a festa pra cá, uma festa pra acontecer durante o mês de junho..
O Santo Antônio é o casamenteiro, que ainda dá uma forcinha quando a gente perde alguma coisa e precisa encontrar, ficou com o dia 13 de junho, o São João, que é o preferido na hora de tentar descobrir quem gosta de quem e ama o céu iluminado com fogos de artifício que servem pra espantar os tais espíritos rebeldes, ficou com o dia 24 de junho, e o São Pedro, que guarda as chaves do Céu e controla o tempo, ficou com o 29 de junho.
Por muito tempo, as festas aconteciam só mais perto dessas datas, mas festa junina faz tanto sucesso que passou acontecer durante o mês de junho todo, e hoje até chega ao começo de julho (tem gente que faz festa julina).
Depois de contar um pouco de histórias, eu dei ideias pra montar uma festa caseiras e várias receitas. Amei escrever e cozinhar as receitas todas, mas o mais divertido foi montar uma festa junina na fazenda em novembro pra fotografar. Foi bem fora de época, as pessoas de lá estranharam um pouco, mas valeu.
Uns anos antes, na verdade acho que lá pra 2002, eu já tinha feito uma festa junina gigante no quintal da casa da Traipu, com umas 100 pessoas entraram na dança pra comemorar os aniversários do Carlos e da Ana. Fiz barracas de pescaria, argolas, corridas no saco e da batata, correio elegante com um monte de prendas que comprei na 25 de março.
Também teve uma dupla de sanfoneiro e violeiro com quadrilha. Mesmo quem achava que não tinha jeito pra dançar acabou brincando de fazer a roda, o túnel, os cumprimentos, o caminho da roça e a fuga da cobra e participa do casamento. Afinal de contas, acho que todo mundo passa por festas juninas na escola.
O fato é que aquela festa foi tão boa que, até hoje, depois de uns 20 anos, ainda tem gente falando dela.
Durante os 10 anos do Lá da Venda, todo junho eu fazia um cardápio junino, enfeitava tudo com bandeirinhas e bandeiras dos santos e toalhas coloridas e os garçons usavam chapéus de palha e aventais especiais. Sucesso gigante sempre.
Agora mesmo, há uns 15 dias, estava em São Luiz do Paraitinga e fiz questão de ir pra cidade ver a festa na praça pra escolha da melhor música com tema junino desse ano pro Arraiá do Chi Chi Pul Pul. Uns dias antes, teve a dança das fitas, que eu adoro. Por lá, ainda tem pau de sebo (nunca subi, mas eu me lembro de achar o máximo ver as pessoas ficarem subindo e escorregando).
Os grupos se apresentaram no coreto, muita música com vários artistas locais e pegou o primeiro lugar – um bezerro, R$ 1.500,00 e um troféu – a “rabeca marvadinha” da Esther Fietz. Foi lindo ver as duas cantoras que aparecem na foto abaixo cantando a tal da rabeca.
E matérias com receitas boas pra servir nas festas juninas e dicas pra montar mesas em casa eu já perdi a conta das que fiz desde 1999. Durante a pandemia, até ideias pra uma mini festa eu dei, só mesmo pra não deixar passar. Enfim, só posso dizer que adoro.
O fato é que, além de mim, muita gente ama festa junina pelo Brasil inteiro e comemora durante o mês todo com muita alegria. Tem festa junina pequena, festa junina média, festa junina grande e arrais gigante. Todos são incríveis! E arraial é o assunto de hoje.
ARRUMANDO A CASA
Transformar a sua casa num arraial é simples, dá pra improvisar e, com poucos gastos, fazer uma festa linda, colorida e divertida. Esses preparativos, com certeza, dão ainda mais vida à festa, tanto que tem até o ditado “o melhor da festa é esperar por ela”.
Dá pra comprar bandeirinhas prontas em papelarias e mercados, mas é bem simples preparar o seu fio em casa. Pra isso, só riscar um molde, cortar quantas quiser em papel colorido e prender num barbante. Também funciona fazer bandeirinhas com retalhos coloridos.
Para incrementar ainda mais o ambiente, elementos como peneiras ou chapéus de palha, por exemplo, podem ser pendurados na parede, além de lanternas e balões de papel que a gente encontra por aí, como os improvisados com papel de seda, tecidos coloridos simples ou feltro. Pra tudo a gente dá um jeito
Pra compor a mesa, vale usar peneira, chapéu de palha, panelas coloridas, bacias e cestas de plástico e peças de barro. Coisas bem rústicas da decoração da sua casa também pode mudar de lugar e enfeitar a mesa da festa.
Há uns 3 anos, no meio da pandemia, a Ana e eu fizemos uma micro festa junina pra 4 pessoas: nós duas, minha mãe e meu pai. Tudo foi improvisado, nem que quisesse dava pra comprar enfeites na cidade.
A gente improvisou tudo, pintou com giz de cera bandeirinhas em folhas de papel sulfite, restos de feltro viraram balão, palhas se transformaram em toalha e por aí foi. Fiz algumas receitas em quantidades menores e festa pronta.
Foi bem diferente da festa junina que a gente montou pra fazer o livro, aquela aconteceu na frente da capela com fogos, barrinhas e muito mais, mas valeu e a data não passou em branco.
Quando eu era criança, toda festa junina tinha estalinhos, chuvas de estrelas de ouro ou prata e das luzes verdes, azuis e vermelhas dos fósforos coloridos. E também não tinha festa sem fogueira e sempre alguém resolvia pular. Hoje, nas cidades, isso não acontece tanto, mas no interior isso ainda acontece.
COMIDINHAS
Como se dizia antigamente, arraiá tem que ter fogueira arta, sanfona, moça bonita e mesa farta. A mesa tem que ser farta sempre, com muitas coisas gostosas além das pipocas doce e salgada e do amendoim torrado. Aliás, esses 3 filam lindos servidos em cones improvisados com papel kraft.
Pra servir, pratos, copos, talheres e guardanapos descartáveis coloridos. Simples e eficientes!
Aqui Na Cozinha da Helô a gente tem muitas receitas gostosas pra deixar a festa junina inesquecível. Pensei em quantidades que, servidas em porções não muito grandes, servem umas 12 pessoas, assim dá pra comer um pouco de cada coisa. E se sobrar? Só montar pratinhos pros convidados ou comer nos dias seguintes.
Ideias de receitas que têm tudo a ver com festa junina e estão aqui Na Cozinha da Helô:
Petisquinhos: pipoca com parmesão frito ou pipoca com queijo pururuca, pipoca doce caramelada perfeita, amendoim japonês caseiro e receita de amendoim torrado salgado da minha avó.
Salgados: bolinho junino de carne delicioso, pastel caipira delicioso, cuscuz rapidinho de camarão e palmito na panela, quirera de milho cremosa com queijo, rodelas de batata-doce com crosta de parmesão e empadão goiano tradicional, empadinha de frango com massa crocante de fubá, creme de pinhão saboroso.
Bebidas: vinho quente com especiarias muito perfumado e saboroso, quentão bem perfumado com canela, gengibre e laranja e laranjada com especiarias da Helô pra ter alguma receita gostosa sem álcool.
Doces: curau de milho verde da fazenda, bolo de milho verde cremoso da fazenda, bolo de mandioca simples e só de misturar, geleinha de cachaça ou geleia de pinga, canjica cremosa com amendoim de festa junina, canjica com leite de coco e laranja, arroz doce de casa de avó, pamonha de milho verde da roça, doce de abóbora com coco simples, cheesecake de paçoca de amendoim com cobertura de chocolate e pé de moleque mineiro de Piranguinho.
4 Comentários
Helo, muito obrigada pelo belissimo texto e por me remeter a esta pagina! Ha anos atras, na universidade onde lecionava, tive oportunidade de trabalhar com um colega americano! Faziamos parte de um seminário! Uma das tarefas era selecionar um pais e um tema! Ora, a escolha do pais foi facil! Cansada de Carnaval e futebol, sugeri ao colega, precisamente, este tema! Foi dificil pesquisar ! Nem um site q se especializava em quadrinhos tinha nada interessante, mas tinha tudo sobre Halloween! Pena que nao te conhecia! Teria recorrido ao seu material! Nossa festa la na escola terminou com bolo de fuba, pipoca, cafezinho e quadrilha, mas sobretudo com um grupo de colegas americanos um tiquinho mais sabios sobre esta festa popular! Amaram a quadrilha que naturalmente os remeteram ao square dancing! Nuossa vc me fez voltar ao passado! Obrigada pela oportunidade!
Magali querida!! Que mensagem deliciosa, alegrou o meu dia.
Faço tudo com tamanho carinho e dedicação tão gigante que perceber o reconhecimento é coisa que não tem preço.
Você tem razão, as nossas festas juninas têm uma riqueza de tradições que teria que ser mais valorizada fora do Brasil. Tão importante quanto o Carnaval. As danças, como falou da square dancing e de algumas européias, têm raízes comuns, mas a nossa quadrilha é um charme só.
Muito feliz em ter você aqui Na Cozinha da Helô.
Beijo, Helô
Adoro sua página, seu jeito doce e simpático de escrever e postar. Suas receitas, então, nem se fala! Simplesmente deliciosas, amo os bolos!
Geralmente simples e daquele jeitinho caseiro que tanto aprecio. Obrigada. Sua admiradora
Luciana, bom dia!
Obrigada pelo carinho!!! Faço tudo com tanto amor e tanta dedicação que fico feliz demais quando vejo que tudo vale a pena, que pessoas como você estão aproveitando o Na Cozinha da Helô.
Conte sempre comigo e tenha certeza de que, aos poucos, postarei novas receitas.
Beijo, Helô