Texto: Flávia G Pinho Foto: Caio Ferrari
Café 100% arábica. Quem gosta do assunto e acompanha a evolução do setor certamente já viu essa mensagem muitas vezes, uma espécie de garantia de que o produto tem alta qualidade. Acontece que o café arábica não está mais sozinho nessa história. Uma outra espécie, o canéfora, já faz parte do universo dos cafés especiais. Pouca gente sabe disso porque a novidade é recente mesmo – foi só em 2021 que o primeiro canéfora conseguiu a certificação da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).
As variedades robusta e conilon, ambas da espécie canéfora, sempre foram associadas a produtos inferiores. De fato, eles não vinham sendo tratados com os cuidados dispensados ao arábica e, por isso, acabavam destinados à grande indústria. Quem começou a virar o jogo foi a Fazenda Venturim, do Espírito Santo, em 2007. Os irmãos Lucas e Isaac herdaram uma senhora fazenda cafeeira em São Gabriel da Palha, no Espírito Santo, e acharam que era hora de dar uma chance ao canéfora. Implementaram as mesmas técnicas de cultivo e beneficiamento que já tinham aumentado a qualidade do arábica e, uma década depois, chegaram lá – em 2018, a dupla colheu um lote que recebeu 90 pontos.
As plantas têm formato diferente, com galhos bem mais carregados que chegam a ficar pesados de tantos frutos. O sabor também é outro – pode ser tão complexo em termos de aromas quanto o arábica, mas costuma entregar mais amargor, se aproximando daquilo que o brasileiro se acostumou a considerar “café forte”.
Além do Espírito Santo, tem gente colhendo ótimos canéforas na região Norte, onde já existe a Denominação de Origem Matas de Rondônia – Robustas Amazônicos. Mas o mercado, sobretudo no Brasil, ainda é restrito por causa do preconceito. Os produtores estão empenhados em desmontar a fama antiga de café ruim e já descobriram um caminho interessante para despertar o interesse do consumidor: o canéfora tem quatro vezes mais cafeína do que o arábica, o que interessa ao público que procura foco e energia na xícara de café.
Taí uma boa alternativa para variar o cafezinho do dia a dia e testar nas receitas que levam a bebida. Pra saber mais sobre café, só dar uma espiada nos textos Que tal um cafezinho e Torra do café virou questão de gosto escritos pela Flávia com fotografias do Caio.
Pra conhecer melhor a Flávia e o Caio, só conferir os Instagrams @flaviagpinho e @caio_a_ferrari.
Aqui Na Cozinha da Helô tem pudim de pudim de café com leite de antigamente, bala de café e bolo de chocolate e café bem macio.
2 Comentários
Olá,gostaria de saber como fazer café especial de canelão
Adilson, bom dia!
Vou falar com a Flávia pra que ela passe umas dicas, mas já te adianto que o processo começa com um bom café, se possível torrado na hora. Eu, Helô, calculo 1 colher (sopa) de pó por 1/2 xícara de água, mas isso é bem pessoal, varia de 1/3 a 2/3 de xícara. Coloco sempre o café na base da caneca, vou umedecendo o pó com a água bem quente (quase fervente) e espero perfumar, depois passo pelo coador direto nas canecas.
Abraços, Helô