LIMÃO NA COZINHA
Meu limão, meu limoeiro, meu pé de maracujá ….
Outro dia, falando sobre lembranças dos tempos de criança, vieram memórias de mesa aniversário de 3 anos e do armário cheio de roupas de boneca que a minha mãe costurou. Pensei no triciclos de rodas vermelhas e selim branco que ganhei no natal, das voltas que eu e a minha irmã dávamos pela calçadinha que circulava a casa em que a gente morava em São Luiz do Paraitinga e, em 1966.
E como uma lembrança puxa outra, pensei em nós duas dançando, tomando limonada e cantando com o Wilson Simonal “Meu limão, meu limoeiro” e, nuns 3 anos depois, já morando em Caçapava, fazendo a mesma coisa, só que com a gravação do Topo Gigio.
Não deu outra, depois de pensar nisso tudo eu fui pra cozinha preparar uma jarra da receita da limonada da vovó.
LIMOEIROS
Casa que tem quintal com um pedacinho de terra tem que ter limão. Na casa de São Paulo, eu tinha um limoeiro de limão cravo no fundo do quintal e um limoeiro de galego num vaso grande bem na saída da hortinha da lateral da sala de jantar.
Na fazenda, tenho um limoeiro de cravo na saída da cozinha e alguns outros limoeiros variados espalhados pelo pomar.
Sempre gostei de qualquer tipo de limão, do galego que é bem pequeno, do cravo (ou caipira, rosada ou capeta) que é laranja por dentro e perfumadíssimo, do tahiti, grande, verde, muito suculento e hoje o mais comum, e do siciliano bem amarelo e com aroma delicioso, de formato lindo com um bico numa das pontas.
Com tanto frescor, acidez que ressalta mil sabores e dá vida a muitos pratos salgados e doces e sabor incrível, não dá nem pra cozinhar e nem pra viver sem ter um tanto de limão por perto.
LEMON TREE – UM FILME LINDO COM A HIAM ABBASS
Limão, limoeiro, pomar, amor pela terra, simplicidade e cinema são coisas que me encantam, e, por tudo isso, amei tanto “Lemon Tree”, um filme de Eran Riklis, que vale a pena assistir.
É um filme triste, mas bonito e cheio de sensibilidade.
Na história, o ministro de defesa de Israel e sua mulher passam a morar numa casa que fica na fronteira do país. Bem em frente, numa casa muito simples e cercada por um pomar de limoeiros, vivia sozinha nas terras herdadas do pai, a viúva palestina Salma (a atriz é a Hiam Abbass, que é ótima).
Ela adorava aquelas terras, cuidava dos limoeiros com um amor profundo. Dos limões, ela tirava o sustento e deles vinha a sua coragem e a vontade de viver.
Só que a vida dela vira um inferno quando, teoricamente por medida de segurança, o governo de Israel decide destruir o pomar – pois um terrorista poderia se esconder atrás das árvores e atacar a família do ministro.
Ela não se conforma nem com a decisão de desocupação das terras, nem com a indenização oferecida e, percebendo que sua vida não teria mais sentido sem seus limoeiros, contrata um advogado e passa a lutar com unhas e dentes pra derrubar o veredito (paro por aqui pro filme não perder a graça).
O filme começa com Salma preparando uma conserva de rodelas de limão, pimenta e azeite, e em muitos momentos, ela prepara limonada. Não consegui parar de pensar na personagem e nos limoeiros, sonhei com a conserva de limão, com a limonada e acordei pensando numa torta de limão.
Não deu outra: saí logo cedo, comprei uma dúzia de limões sicilianos, preparei uma torta de limão com merengue e já pensei num lemon curd, o creme azedinho de limão.
No dia seguinte, fiz bolo rústico de limão cravo, diferente porque leva azeite de oliva, farinha de rosca e castanha moída, e também enchi um pote com uma receita da conserva marroquina de limão e, passado o mês de repouso, preparei um tagine de frango, limão em conserva e azeitona.