RECEITA DE OLHO DE SOGRA TRADICIONAL
Chegou o dia da receita do olho de sogra de aniversário de antigamente!!!
É um docinho de festa tão querido que é difícil ter mesa de aniversário e de casamento sem ele. Eu, que adoro coco, sem como uns 2 quando vejo a bandeja cheia de coisas gostosas..
Mas por que o « de antigamente» no nome da receita? Simplesmente porque a cocadinha é feita com água, açúcar, gema, coco ralado e gotas de baunilha, como faziam as avós e bisavós, antes do tempo do leite condensado.
Minha mãe, que sempre se encarregou dos docinhos das nossas festas de aniversário, fazia olho de sogra desse jeito, só usava leite condensado pra fazer o brigadeiro de enrolar.
O NOME
Dizem por aí que uma nora, irritada com os eternos palpites da sogra, que vivia de olho em tudo que ela preparava pro filho, teria criado o docinho pra simbolizar a vigilância constante. E, pra piorar, ainda falam que o doce que ele chegou a ser conhecido por olho-de-cobra …
São histórias e mais histórias, mas mesmo com jeito de olho arregalado, a tal da nora devia achar alguma graça na sogra, pois se assim não fosse ela dificilmente teria dado o nome da sogra pra um doce gostoso. É o mesmo caso dos nem sei quantos mil doces conventuais portugueses, com imaginação e ironia de monte.
O importante é que, dessa possível discórdia, alguém colocou uma bolinha de cocada cremosa sobre uma ameixa saborosa e surgiu o olho de sogra. A dupla deu um azedinho doce delicioso e um contraste perfeito de texturas e caiu no gosto de muita gente.
E do olho de sogra vieram o olho de sogro com cocada e damasco e o olho de vizinha com cocada e tâmara. Divertido e gostoso.
INGREDIENTES E PREPARO
Como o sucesso do olho de sogra depende tanto da cocada, como da ameixa, eu procuro usar coco fresco quando posso e vou atrás de ameixas suculentas.
Esse é o mundo ideal, mas na falta do coco fresco eu uso um bom coco seco e, quando a ameixa está mais seca eu hidrato.
Pra hidratar, eu coloco as ameixas numa tigela com mais ou menos 1/3 de xícara de água fervente e deixo repousar por uns 5 minutos, depois escorro e descarto a água. É importante não passar desses 5 minutos, depois a ameixa amolece demais e vira purê.
A cocada é muito simples de preparar. Primeiro, eu misturo a água e o açúcar numa panela pequena, depois aqueço e deixo ferver por uns 3 minutos, só mesmo pra conseguir uma calda rala, com bolhas que começam a brilhar.
Retiro a panela do fogo e deixo amornar por uns 15 minutos pra evitar que as gemas cozinhem e encarocem. Então, junto as gemas e o coco, volto com a panela pro fogo e mexo até o doce encorpar.
O ponto é o mesmo do brigadeiro de enrolar, do beijinho tradicional e do camafeu de nozes: o doce brilha e, quando a gente inclina a panela, a massa descola do fundo e aparece uma nata rendada na base.
Quando a cocada chega a esse ponto, eu passo pra um prato fundo untado com manteiga e deixo esfriar por umas 3 horas pra firmar antes de enrolar. Pra adiantar a vida, dá pra fazer a cocada com até 3 dias de antecedência.
FINALIZAÇÅO
Quando a cocada firma, eu unto as palmas das mãos com um pouquinho de manteiga, pego a porção de massa, enrolo pra conseguir uma bolinha e coloco no meio da ameixa já aberta, mantendo sempre a parte lisa e brilhante da ameixa pro lado de fora do doce.
Dou uma acertada pra deixar o docinho arredondado e encosto no açúcar cristal só a parte da cocada que fica aparecendo. O açúcar cristal dá brilho e ainda mais textura ao olho de sogra. O doce pronto vai pra forminha de papel e pra mesa.
O rendimento dos docinhos nunca é exato, depende do tamanho mais ou menos exagerado da colherada da cocada que se pega na hora de fazer a bolinha.
Quem gosta de doces grandes acaba caprichando no tanto de cocada e escolhe ameixas graúdas.
Quem prefere os miúdos, como eu, enrola pouco mais de ½ colher (chá) de cocada e procura ameixas pequenas.
Gosto dos miúdos por dois motivos: pra não ficar enjoativo, um doce não deve precisar mais de duas mordidas pra terminar; e se os docinhos forem pequenos dá pra comer alguns sem culpa.
O doce já modelado e na forminha fica perfeito por até 3 dias num pote fechado, depois disso ele começa a ressecar.
Quando tenho bastante coco e ameixas suculentas em casa, costumo aproveitar os ingredientes e faço 1 ou 2 receitas de olho de sogra pra congelar e consumir em até 3 meses. Pra congelar, basta colocar os docinhos prontos, até mesmo nas formas de papel, num pote bem fechado.
Pra manter os doces perfeitos, nada melados e com as forminhas secas, eu retiro o pote do freezer sem abrir e deixo descongelar naturalmente em temperatura ambiente por umas 3 horas.
Outros docinhos com receitas do tempo das avós e bisavós: cajuzinho, docinho de abacaxi, bala de coco que derrete na boca e bala de café.
Outros docinhos com receitas do tempo das avós e bisavós: cajuzinho, docinho de abacaxi, como fazer bala de coco que derrete na boca e bala de café. Se quiser, congele os doces já nas forminhas por uns 3 meses e, sem abrir o pote, para não melar, deixe descongelar naturalmente por umas 3 horas.INGREDIENTES
Preparo
NOTAS
7 Comentários
Obrigada por mais este docinho finíssimo brasileiro na sua versão original!!! Muito obrigada!!
Que felicidade dispor dos docinhos tradicionais…viajei no tempo em que era criança e ansiava o momento de poder comer🌷🥰
Zeila, boa tarde!
Gostoso saber disso! São tão gostosos que, ao menos pra mim, não faz sentido mudar as receitas sem motivo. Como sempre digo, adoro brigadeiro e deixo o leite condensado pra ele e pra outras receitas que têm tudo a ver com ele.
Abraços e conte sempre comigo, Helô
Amei!!!!
Oi! Que gostoso saber disso! Obrigada por me contar, beijo, Helô
Olá, Helô! Tudo bem?
Volta e meia, chego aqui no seu site maravilhoso. Nunca comento, mas hoje me deu vontade de agradecê-la por esta e tantas outras receitas.
Hoje estava procurando como eram os docinhos de festa antes da invenção do leite condensado, daí cheguei aqui na sua receita… esse doce é incrivelmente delicioso! Vou prepará-lo. Ele e também os beijinhos de coco sem leite condensado que vc tb já postou.
E tudo isso me fez lembrar um docinho que minha avó paterna preparava. Sou do Recife, ela era de Bezerros, no Agreste pernambucano. Quando eu era pequena, era meu doce predileto nos aniversários. Nunca vi em nenhuma outra festa nem conheço alguém que também saiba desse doce, que, até onde me lembro, minha família paterna chamava mesmo de “beijinho”, mas era feito assim: minha avó fazia uma pasta de amendoim e de queijo de manteiga, acrescentava açúcar e fazia as bolinhas (sim, era extremamente gorduroso… amendoim e queijo de manteiga (!!!), hahahaha… mas era incríííível de delicioso e era pra ser comido só nas festas, então tá tudo bem, não morremos com as veias entupias… hahaha, ou, melhor!, quase morro é de saudade desse doce!). Cada bolinha, ela enrolava e passava em algum pozinho bem fino, que não sei se era trigo, mas acho que era maizena, pois era mais fino que trigo, sem gosto proeminente e não parecia açúcar (não era doce e era mais como um amido mesmo). Depois ela guardava cada bolinha naquelas embalagens de beijinho, franjadas. Nossa, até hoje acho que é o meu docinho predileto. Nunca o fiz, nunca mais o comi… mas vou ver se descubro com alguma tia as quantidades dos ingredientes para arriscar fazê-lo. Caso você conheça esse docinho, gostaria que você postasse a respeito 🙂
Um beijo (e vários beijinhos e olhinhos de sogra) pra você :**
Lara, boa tarde!! Que mensagem deliciosa, você pode ter certeza de que deixou o meu dia bem mais feliz.
Amo o que faço e sinto alegria imensa quando vejo o reconhecimento do trabalho feito com tanto amor e tanta dedicação e que é a minha vida.
Adoro docinhos de festa e os tradicionais me encantam. Não conheço o docinho com queijo manteiga, mas deve ser delicioso, vou pesquisar também. Se você encontrar, não se esqueça de me contar, vou amar experimentar também.
Beijo, com carinho, Helô