RECEITA DE PANCETTA CASEIRA
Depois do bacon feito em casa, veio a pancetta caseira e ela é a receita de hoje.
A receita é simples, quase não dá trabalho, a questão é só ter consciência de que é coisa pra começar a preparar hoje, colocar na geladeira, virar uma vez por dia por uns 7 a 9 dias, depois deixar curando bem quietinha por mais umas 2 semanas. Receita pra quem tem paciência e pronto.
Mas, no final, tudo compensa, a pancetta fica deliciosa e dá pra usar em várias preparações. Só por conta de espera é que eu classifiquei a receita como trabalhosa, na verdade o preparo é simples.
Acho interessante preparar em casa porque, além de muito emocionante, a pancetta não é tão salgada e não tem o sabor e o aroma tão marcantes do bacon e é muito versátil na cozinha.
Pra completar, como o consumo da pancetta é bem pequeno no Brasil e a produção artesanal é pouca e restrita, o acesso a ela é difícil e o preço acaba sendo alto. Fazendo em casa, dá pra ter pancetta boa e com custo razoável,
INGREDIENTES E PREPARO
Pra fazer a pancetta em casa, é preciso ter:
- pimenta-do-reino em grão;
- bagos de zimbro;
- alho;
- açúcar mascavo;
- sal;
- barriga de porco bem carnuda e com o couro e num só pedaço;
- louro;
- tomilho;
- noz-moscada;
- barbante;
- pano limpo de algodão.
O pedaço de barriga bem carnudo é a base de tudo e, por isso, é fundamental caprichar.
Quanto a manter ou não a pele grossa, que é na verdade uma camada não muito grossa de couro, eu experimentei preparar a receita dos dois jeitos, quer dizer, com e sem ela. Fiz os testes porque achei versões dos dois jeitos.
Fiquei com essa camada de couro, pois achei que ela protegeu a barriga na geladeira e tudo ficou mais úmido no final.
As especiarias, o louro, o alho, o sal e o açúcar são fundamentais pro sabor, pro aroma e pra textura da pancetta. O zimbro a gente encontra hoje com facilidade na parte de especiarias de muitos mercados e na internet também.
A primeira fase do preparo é semelhante ao do bacon, besuntar a barriga do porco com temperos, açúcar e sal, colocar na geladeira e seguir virando por uns dias até a carne firmar e perder a textura de crua. Apertando com a ponta do dedo é possível perceber a diferença.
Aí o método muda. Depois de “limpos” desse primeiro tempero e devidamente preparados, a manta de futuro bacon vai pro forno, enquanto a da pancetta continua curando ou num lugar frio e escuro, sem vento, ou na geladeira, pois por aqui é difícil ter temperatura ambiente que fique entre 8º e 13ºC por muitos dias seguidos.
Tem gente que arrisca deixar fora da geladeira, mas eu fico com a segurança que a geladeira ela me dá.
O enrolar: depois de lavar e secar a manta de barriga muitíssimo bem, é só dobrar pra tentar enrolar deixando o mínimo possível de espaços vazios pelo meio e depois amarrar como se fosse um assado.
Eu envolvo com um barbante bem longo num sentido, torço e venho trançando e amarrando de uns 2 em 2 cm, só assim tudo fica bem fechadinho. Depois, embrulho a carne já enrolada num pano limpo de algodão, pois ela precisa respirar pra secar.
A pancetta não nasceu pra ser seca, como uma bresaola ou uma copa, ela é firme por fora e macia por dentro, ela serve muito mais pra cozinhar do que pra comer simplesmente ela.
Também por segurança, depois de pronta, consumi a minha em um mês d, mas ela dura mais tempo, é só ter cuidado e observar e descartar se surgirem manchas estranhas, bolores e alterações da textura.
Confesso que poucas vezes fiquei tão orgulhosa de algo que preparei. Ficou tão linda e tão boa…Usei pra deixar ainda mais gostosa a receita simples de feijão, pra deixar ainda mais gostoso o feijão à toscana, na receita da lasanha à bolonhesa simples, como recheio do bife enrolado delicioso ou bracciola e no spaghetti alla carbonara (qualquer hora dessas ensino a receita).
INGREDIENTES
- 1 colher (sopa) de pimenta-do-reino em grão
- 1 colher (sopa) de bagos de zimbro
- 2 dentes de alho picadinhos
- ¼ de xícara de açúcar mascavo (50 g)
- ¼ de xícara de sal (60 g)
- 1 kg de barriga de porco bem carnuda e com o couro e num só pedaço
- 4 folhas de louro
- 4 ramos de tomilho
- Noz-moscada
- Barbante
- Pano limpo de algodão
Preparo
- Com um pilão, quebre a pimenta e o zimbro em pedacinhos, sem moer. Passe pra uma tigelinha, junte o alho, o açúcar, o sal e umas 8 raspadas de noz-moscada e misture até conseguir uma pasta homogênea.
- Coloque a manta de barriga num refratário, besunte com a pasta de todos os lados, espalhe por cima as folhas de louro e de tomilho, cubra com filme e leve à geladeira.
- Deixe a barriga descansando por uns 7 dias na geladeira, virando de 12 em 12 horas. Pra isso, levante o filme, vire e cubra de novo.
- No sétimo dia, levante o filme e aperte com a ponta do dedo indicador de todos os lados pra verificar se já está totalmente firme, que é o ponto certo pra seguir com a receita. Se ainda estiver ainda que ligeiramente macia, embrulhe novamente e deixe repousar na geladeira por mais 1 ou 2 dias.
- Quando firmar, lave bem a manta pra descartar o excedente dos temperos e da marinada. Seque muito bem.
- Enrole a barriga como se fosse pra fazer um rocambole. Provavelmente conseguirá dar só uma volta, ou uma volta e um pouquinho, pois não é fácil comprar uma manta muito larga nos açougues comuns.
- Com um barbante, amarre a manta em vários sentidos pra conseguir um rolo bem firme e seguro.
- Como mesmo no inverno, por aqui são raros os vários dias seguidos com temperaturas ambientes constantes entre 8º e 13ºC, é seguro curar a pancetta na gaveta mais baixa da geladeira.
- Embrulhe o rolo de manta num pano de algodão limpo, que deixa a carne curar, e leve à geladeira por mais umas 2 semanas, e até por 1 mês, pra curar pra valer, até firmar.
- Na hora de usar, só desembrulhar e fatiar. Por segurança, o ideal é consumir a pancetta em até 1 mês depois dela pronta, mantendo sempre na geladeira.
Use a pancetta na receita simples de feijão, pra deixar ainda mais gostoso o feijão à toscana, na receita da lasanha à bolonhesa simples, como recheio do bife enrolado delicioso ou bracciola e no spaghetti alla carbonara (qualquer hora dessas ensino a receita).
NOTAS
É difícil prever o tempo exato de cura, tanto na primeira, como na segunda fase, pois a espessura da manta e as quantidades de carne e de gordura influenciam muito.
10 Comentários
Parabéns pela dica a receita é fantástica
Oi, Zuca! Fico super feliz que tenha gostado da receita! Se for fazer em casa, me conta como ficou hein! Bjs
Parabéns pela bela receita. Gostaria de saber se não é necessário usar sal de cura também?
Oi, Wadih! Fico muito feliz que tenha gostado da pancetta! Pra essa receita o sal de cura não é imprescindível, mas se quiser usar, pode sim, a durabilidade provavelmente aumentará, só não sei lhe dizer por quanto tempo. bjs
Gostoso demais.
Humberto, boa tarde!
Delícia saber que você gostou da receita e que ela passou a fazer parte da sua cozinha.
Continue aqui Na Cozinha da Helô, pois não faltam histórias, dicas, receitas e fotos apetitosas.
Abraços, Ana e Helô
Está de parabéns, mas a quantidade de sal foi demasiada. 3,0 a 3,5% de sal seriam mais que suficientes (você usou 6%); Quanto ela perdeu de peso.? Pela foto me parece que perdeu pouco.. O ideal é perder pelo menos 38% de peso e, 30 dias não seriam suficientes. Creio que levaria de 45 a 60 dias para isto . Isto deixaria ela mais firme, mais segura para ser consumida e mais soborosa. Talve a sua não tenha ficado tão salgada porque não chegou neste ponto de perda de água. Lavar com vinho antes de enrolar e pendurar, adiciona acidez, que ajuda a inibir bactérias durante a maturação.
Deixar a pele é problemático pois limita a perda de água quando se enrola. Melhor deixar uma parte sem pele para que facilite esta perda (se não quiser tirar a pele toda. O sal de cura se usa apenas 0,25% do peso da carne ou seja 2,5 gramas para 1Kg. Parece pouco (150 partes em um milhão) mas é o que a Anvisa recomenda e deixará a carne mas segura de ser consumida e também vai melhorar a cor o sabor.
Boa sorte!
Oi, Alexandre! Muito obrigada pelas colaborações extremamente técnicas e que visam um produto não só com validade muito maior, como para cura e manutenção não necessariamente só refrigeração. A minha versão é 199% caseira, para consumo extremamente rápido, por isso sugeri em até 2 semanas, guardar em geladeira e usando o sal justamente para desidratar o possível nesse tempo. Com certeza, aqueles que tiverem objetivos mais “charcuteiros” e profissionais deverão tomar outros rumos. bjs
Técnico demais. É por isso que uma Pancetta que se preze feita por italianos não tem receita. Ela é transferida de “pai para filho” não importando se são realmente parentes entende. É o interesse e o amor pela confecção da obra prima: “Parla!” ‘Mangia que te fa bene!
Boa tarde!
Com certeza, a melhor forma de transmissão de uma receita tradicional é a forma “pai para filho” e, como você bem disse, sem que necessariamente haja parentesco. Isso acontece com toda e qualquer tradicional pelo mundo afora. O nosso papel é juntar dicas, histórias, organizar receitas e fazer com que pratos deliciosos e de povos diversos possam ser conhecidas por mais e mais gente. Afinal de contas, alguém que desconheça um determinado prato não tem muitos padrões de comparação e precisa ser “apresentado” à receita. Uma pancetta merece essa apresentação, pois é deliciosa! Como você também disse “Mangia que te fa bene”.
Abraços, Ana e Helô