RECEITA DE MARISCO COM VINHO

Os mariscos perfumados com vinho e temperos caldeirão são uma refeição e tanto, principalmente quando chegam à mesa com batatas fritas.

Em 1993, passei 10 dias na Bélgica com o meu marido e foram 10 dias de “moules et frites” – mariscos com batatas fritas carnudas por dentro e crocantes por fora. Pra acompanhar, sempre os copos de cervejas deliciosas, que naquele tempo eram desconhecidas por aqui, e chocolate, muitos chocolates.

Depois veio o tempo de Paris com o Le Cordon Bleu, e foram mais caldeirões e caldeirões de mariscos, e até a Bebel, que tinha uns 4 anos, amava e sempre pedia pra comer “moules et frites”.

Se é bom, não é caro, é nutritivo e não é complicado de preparar, eu não entendo porque mesmo os fãs dos mariscos muitas vezes se esquecem deles no dia a dia e sem eles e nem pensam em fazer um caldeirão em casa. Isso acontece com todo mundo, inclusive comigo. Meu marido, que adora mariscos, vive me pedindo pra fazer moules et frites em casa, então eu faço, mas não é coisa de sempre.

Pense, também, que embora seja um prato leve, ele não é necessariamente só de verão, dá pra servir no calor e no frio.

OS MARISCOS

O primeiro passo é encontrar um bom fornecedor e descobrir o dia em que ele recebe os mariscos pra comprar o produto o mais fresco possível. Acho que essa é a parte mais difícil da receita. Quando estou na praia, ainda é mais fácil, pois lá tem uns pescadores que costumam ter redes pra isso, mas nem sempre isso acontece.

Depois de escolher bons mariscos, é hora de pedir pro peixeiro se encarregar da limpeza básica, ou melhor, da escovação com força pra eliminar cracas e algas e do descarte das barbas grossas feito com uma faquinha. O processo não é difícil, mas dá um trabalhinho e leva tempo, ainda mais pra quem não tem prática, ou seja, pra quase todo mundo.

Em casa, basta manter os mariscos envolvidos num pano limpo na geladeira por até 24 horas e tirar só na hora de usar.

Nesse momento, é importante lavar os mariscos em água corrente pra eliminar areia, levantando com as mãos, sem entornar a tigela pra evitar que a areia que for caindo dos mariscos e depositando no fundo volte pra dentro das conchas.

Depois dessa limpeza na água, chega o momento de descartar todos os que permanecerem abertos, sinal de que morreram e podem fazer mal, e só aí vai começar a receita pra valer.

O marisco, que tem casca ovalada e escura por fora e brilhante por dentro, também chamado de mexilhão, é o clássico pra essa receita. Mas outros moluscos como a lambreta, o berbigão (o vôngole) e até o sururu podem ser preparados da mesma maneira. Como todos eles já são naturalmente salgados pela água do mar, sal não costuma ser necessário, mesmo quando o caldo recebe cremes, mas é importante experimentar.

receita fácil de marisco

INGREDIENTES E PREPARO

Na Bélgica e no norte da França, que são os paraísos das moules et frites, a receita básica é das “moules à la marinière”, com manteiga, cebola, alho, salsão, ervas e vinho branco, e essa é a receita de hoje.

A receita clássica é rapidíssima e pode ser mexida e remexida de mil jeitos, mas hoje leva:

manteiga;
cebola;
alho;
salsão;
amarrado de ervas preparado com salsa, cebolinha, tomilho e louro;
mariscos muito frescos, bem lavados e com cascas (use apenas os que estiverem totalmente fechados depois da lavagem);
vinho branco seco;
salsinha picada;
pimenta-do-reino.

Dá pra mudar os legumes aromatizantes e as ervas conforme o que se tem na geladeira, pra trocar o vinho por cerveja, pra perfumar com especiarias, pra aveludar o caldo com um queijo cremoso ou com ½ xícara de creme, e pra juntar ao creme 1 colher de sopa de curry pra conseguir uma “mouclade” deliciosa.

Quando quero abrasileirar a receita sem ter muito trabalho, troco o vinho por cachaça e junto coentro, pimenta fresca picada e 1 xícara de chá de leite de coco ao caldo.

Se a receita me pede mariscos já cozidos e sem conchas pra usar num arroz, num molho ou numa salada, ou apenas com uma das conchas pra acrescentar uma cobertura como queijo ou temperos e gratinar, começo preparando aa receita como vai aqui. Depois continuo como me dá vontade e também uso o caldo do cozimento coado pra cozinhar arroz ou fazer parte do molho ou da sopa.

Não se assuste com 2 kg de mariscos pra 4 porções, pois sem as conchas eles não pesam muita coisa.

Na hora de preparar, eu aqueça a manteiga num caldeirão ou numa panela grande, junto a cebola, o alho, o salsão e espero murchar e perfumar.

Acrescento os mariscos, o amarrado de ervas, o vinho, tampo a panela e mantenho em fogo baixo por uns 10 minutos, apenas o suficiente pra que as conchas se abram e os mariscos cozinhem.

Então, destampo a panela e descarto o amarrado de ervas e os mariscos que continuarem fechados, coloco um pouco de pimenta-do-reino e verifico o sal. Quando sinto de que o caldo ficou com grãozinhos de areia, simplesmente passo por uma peneira fina. Pronto pra servir!

Convencer quem diz que não come mariscos, normalmente sem ter sequer experimentado, não é tarefa fácil, mas não custa insistir um pouco, pois muita gente que cria coragem e coloca o primeiro marisco na boca acaba gostando.

Marisco na concha é mesmo algo pra se comer usando as mãos, só na hora do caldo é que entra a colher. O mais simples é seguir a tradição: solte o primeiro marisco com garfo e use essa primeira concha como pinça pra separar e comer os demais.

O fato é que um caldeirão de mariscos alegra a mesa, comer vira brincadeira. Não se esqueça de providenciar potes vazios pra descartar as conchas, guardanapos, pão de casca crocante, como o pão maravilhoso na panela de ferro e batatas fritas! O fato é que um caldeirão de mariscos alegra a mesa, comer vira brincadeira.

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