PASSEIO PELA ILHA DE MOSQUEIRO
O dia prometia!! Saímos cedo de casa com a Tania e a Helena pra fazer um passeio pela ilha de Mosqueiro, a uns 70 km de Belém por estrada, pois há uma ponte que facilita a ida.
Logo depois da ponte os meus olhos já brilharam!!! Uma barraca atrás da outra vendendo camarões no vapor numas cestas com alças grandes, lindo de morrer.
Elas explicaram que eram os famosos “camarões regionais de água doce”, pescados ali pertinho, dos miúdos aos imensos, uns mais pareciam cavalinhas de tão grandes.
Disseram que desde o tempo em que elas eram meninas e passavam o mês de julho na ilha, paravam nas barracas dos camarões, compravam alguns litros (são vendidos sempre por litro) e comiam como petisco ou entravam na maionese.
É muito camarão!!!!
Não deu também pra resistir às pupunhas já cozidas e quentinhas pra comer com manteiga de lata “Real” (a lata é tão linda que não resisti e trouxe duas), com café ou nas refeições.
Aberta e cortada ao meio, a pupunha mostra um caroço grande e a polpa alaranjada que lembra a do damasco, mas que lembra a castanha portuguesa tanto no sabor delicado quanto na textura meio massudinha. É o coquinho da pupunha, a mesma do palmito, que é tenro, saboroso e perfeito em saladas, refogado e recheando tortas, empadas e pastéis, assado e na brasa quando em toletes quando fresco.
A gente riu muito com a Helena contando que como escolher pupunha é uma arte e ela sempre tem dúvida quanto vê o monte de cachos. Pra ela, a saída é sempre pegar alguns de cada cacho e ter, assim, mais chances de ter pelo menos algumas boas. Ela sempre faz assim no mercado e nas barracas que invadem a cidade no tempo delas, e quem olha ainda pensa que ela sabe escolher pupunha como ninguém.
Também me ensinaram que é sempre melhor deixar uma pupunha com cabinho, pois quando ele se solta com facilidade é sinal de que elas todas estarão cozidas.
VOLTA PELA ILHA
A Tania fez questão de dar uma volta na ilha pra que a gente visse pelo menos algumas das muitas praias lindas de Mosqueiro. Elas são lindas e mais parecem um mar imenso de água doce convivendo com a mata e os igarapés. Com o céu azul, tudo ficou ainda mais impressionante.
A gente parou na praça da vila, que tem a igreja, deu uma entradinha no mercado, que é charmoso e vale a visita pra quem não resiste a um mercado.
Mas o melhor da vila era um dos paraísos do Pará, ou melhor, à “Tapiocaria de Mosqueiro”. Na praça, tem várias barracas, uma ao lado da outra e que vendem tapiocas deliciosas, consideradas por muita gente as melhores do Pará, com goma das melhores e que é ultra peneirada pra dar leveza.
Como eu amo coco, pedi a “molhada”, que é a mais pedida e maravilhosa!!!! Tem muito coco e muito leite de coco encharcando uma tapioca que, de tão leve e fofa, mais se parece com um travesseiro mais gostoso do mundo.
Também dei uma garfada na tapioca de charque com queijo que a Ana pediu e amei. Se a gente não tivesse camarão, pupunha e mais um almoço em vista, eu comeria mais uma, mas resisti.
Já comi muita tapioca na vida, mas essa de Mosqueiro é sensacional, a melhor do mundo. Que tal experimentar preparar a receita da tapioca simples deliciosa?
Fiquei boquiaberta quando passei pela praia do Farol e vi os casarões do tempo da borracha, no final do dezenove, simplesmente lindíssimos, mas quase todos abandonados, uma pena, quem sabe um dia isso mude.
PETISCOS NO LAMBRETA 62 E BANHO DE RIO
A gente seguiu até o Lambretta 62 e foi pra mesa com a melhor vista de todas, tudo programado pela Helena.
O lugar é um mix de bar restaurante pé na areia na praia do Chapéu Virado (amei o nome). A ideia era aproveitar a praia e ficar um bom tempo por lá comendo e bebericando.
De cara, um jeito inusitado de receber os clientes pra quem não é de lá, perguntaram se a gente queria prato pra comer os camarões no vapor da barraca da estrada. Eu achei um tanto diferente, nunca tinha levado a comida pra um restaurante, mas elas disseram que todo mundo fazia o mesmo. Chegou o prato, a gente abriur o saquinho e começou a descascar e a comer os camarões.
Mas a surpresa ficou mesmo pra primeira mordida num camarão simplesmente divino, suculento, saboroso e inesquecível. Adorei tanto que comi tanto e nem consegui pedir mais nada, só tomei uns dois copos de suco de cupuaçu super refrescantes.
A água do rio é deliciosa e morna e as ondas deixam a gente em dúvida, pensando se por um acaso não houve engano e não é rio, e sim mar. Mas é rio mesmo, com onda e quilômetros de largura, tanto que só se vê, de muito longe, muito mesmo, um vulto de Marajó. É um mar doce, delicado, com areia deliciosa de pisar e de água tão boa que é difícil conseguir sair do rio.
SORVETES DELICIOSOS DA CAIRU
De lá, fomos pra sorveteria Cairu e eu, de cara, já disse que era louca por sorvete e que, mesmo antes de entrar, já estava sofrendo com a escolha entre frutas, castanhas e chocolate, pois amo tudo.
A Tania e a Helena me falaram pra não sofrer, pois eles me dariam todas as provinhas que eu quisesse e aí… sonho!!
oram pazinhas de mangaba, abacaxi, açaí, manga, coco, uxí, murici, taperebá, graviola, tapioca (o queridinho de muuiiittta gente), chocolate, cupuaçu, castanha, bacuri e maracujá.
Fui na sugestão da Helena e, gulosa pois sabia que não chegaria ao fim do potinho, pedi uma bola de bacuri, escandalosamente bom, e uma carimbó, a mistura perfeita do ultra cremoso da castanha com bastante do doce azedinho incrível de cupuaçu pelo meio, suspirante.
Voltei pra casa já sonhando com um pote cheio de carimbó no freezer e logo fiz o meu sorvete de castanha e cupuaçu – carimbó um creme de castanhas e colheradas do doce de cupuaçu maravilhoso da Manioca (tomei acho que meio pote).
A gente comeu o dia inteiro, mas ainda teve fôlego pra comprar umas frutas na estrada.
Comprei umas favas grandes de ingá, só pra conferir se por um acaso os de lá seriam apenas docinhos ou melhores que os que eu já tinha comido na vida (continuei achando bobo). Mais dois abricós-do-Pará grandes e com muita polpa doce e suculenta, quase como a da manga. E mais três biribas, que eu nunca tinha comido e fiquei encantada, docinho como fruta-do-conde, só um pouco mais azedinho (ainda comprei mais uns durante a semana).
THIAGO E O SEU REMANSO
Pra completar o dia, a gente foi jantar no “Remanso do Bosque“. De novo, escolher o prato foi o mais difícil, dava vontade de pedir um pouco de tudo!
Como eu adoro pirarucu, defumados, leite de coco, castanha e banana da terra, não tive como não pedir o prato que leva tudo isso e de um jeito demais de delicioso e lindo, amei, amei e amei!!!
Apesar de ter comido quase tudo, e era muito, arranjei um espacinho pro brownioca branco com bacuri, bem gostoso. O Thiago não estava em Belém, mas deixei um bilhetinho contando que eu tinha adorado o jantar e deixando um beijo.
Num outro dia, apesar de ser um exagero de comida, pedi uma cuia de caldinho de tucupi com jambu muito bom, uma porção de camarão crocante com tapioca e a caldeirada de peixe pra um, que daria pra uns dois tranquilamente, mas precisava experimentar tudo, motivo nobre.
De novo, comi feliz um pedaço do queijo de Marajó da Ana, demais de bom.
Aproveitando, a gente foi caminhando até o Bosque Rodrigues Alves, que fica pertinho do restaurante, e passou um tempo por lá na sombra, andando pela mata linda e cheia de árvores imensas, vendo as aves, quatis e mais uns outros bichos.
Se você quiser saber mais sobre a viagem, leia também os posts Belém é o máximo 1 (a viagem), Belém é o máximo 3 (Ver-o-Peso), Belém é o máximo 4 (açaí e tacacá), Belém é o máximo 5 (cacau da Amazônia em Combu) e Belém é o máximo 6 (farinha de Bragança).